terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um agradecimento especial à Ana Maia do DN!

O artigo de hoje do DN, que vem na sequência do que o DC publicou, deixou o país em choque!

Muitas mais notícias estão a sair nas rádios, nas televisões e nos jornais.

Hoje e pela primeira vez ouvi o Sr. Secretário de Estado dizer à Renascença que o centro de transplante pediátrico tem de retomar o funcionamento urgentemente e não coloca de parte a possibilidade disso acontecer com o recurso aos serviços do Dr. Emanuel!

O artigo do DN obriga-me a esclarecer publicamente alguns pormenores:
- infecções víricas todos têm, o meu filhote teve e a grande maioria dos casos que eu segui também tiveram! Neste blog pode-se encontrar a referência a dois casos, um no Brasil e outro no King’s, que também tiveram essas mesmas complicações!! O problema está precisamente aí, é que contrariamente ao que o Sr. Secretário de Estado refere no jornal, na perspectiva de um leigo, parece óbvio que os riscos da criança ter de andar entre Portugal e Espanha, “esse pormenor” agrava consideravelmente “o risco” e tanto assim é que o Tiago não resistiu!
- acresce referir que a Criança numa primeira fase foi enviada de Coimbra para o La Paz porque a Dra. Isabel Gonçalves Hepatologista responsável do Hospital Pediátrico e segundo o seu diagnóstico, achou que estava na altura de se fazer este transplante e o La Paz recambiou o Tiago para Portugal porque não concordaram com os critérios do Hospital Português. A Dra. Isabel, pessoa em quem confiamos cegamente acompanha o programa de TRH desde que foi fundado pelo Sr. Professor Alexandre Linhares Furtado e a própria Dra. Isabel Gonçalves deveria ser ouvida pelo Estado Português neste caso especifico, isto se o Estado achar que o assunto merece ser melhor analisado;
- é óbvio que, em que tudo aquilo que é “fulminante” a resposta actual será necessariamente frágil! Já se tiveram de fazer transplantes em Coimbra com “dador-vivo” e em espaço de horas! Recordo que o transplante hepático é extenuante e o mais complexo, tendo no caso do Vitor Alexandre demorado 16 horas, sendo “o normal” aproximadamente 12 horas. Se um filho ou neto de um Sr. Ministro ou Secretário de Estado tiver hoje uma hepatite fulminante daquelas que apenas dão umas 30 a 40 horas para os médicos agirem, o mais certo é essa criança morrer “nos preparativos”! O problema coloca-se porque primeiro os hospitais portugueses têm de chegar á conclusão que essa criança só sobrevive com um transplante hepático, depois, os pais ainda têm um processo burocrático de autorização da DGS pela frente e por muito “agilizado” que tudo se processe, muitas horas preciosas se perderão e o mais aflitivo é que depois toda a família tem de seguir num Falcon da Força Aérea em direcção a um aeroporto Madrileno!! No La Paz iniciarão “o estudo” para apurar a compatibilidade do dador Pai ou Mãe (verificar tamanho do órgão, das artérias, etc) e é óbvio que quando chegar a “hora h” provavelmente a criança já não estará entre nós, isto … se entretanto conseguir resistir á viagem, pois nem sempre estas crianças se encontram em estado de as aguentar!
- também nós já tivemos baixas, mas no bloco operatório! Foram baixas que nos dilaceraram a todos, a nós na Hepaturix, ao Dr. Emanuel Furtado e à Dra. Isabel Gonçalves! Por isso nós sempre apoiámos o Dr. Emanuel nos critérios rigorosíssimos para aceitação de órgãos a transplantar. O Dr. Emanuel é “severamente” exigente e ainda bem que o é, e por isso os N/ filhos têm a qualidade de vida que têm, pois são crianças “normais” e saudáveis! Uma criança transplantada em tenra idade, tem toda uma vida pela frente e por isso, os critérios para os órgãos que recebe têm de ser necessariamente os mais exigentes. Mas este caso revolta-nos, porque a criança faleceu, não ‘no bloco’ onde o risco é exponencial, mas “à espera”. É verdade que nós em Coimbra estávamos “mal habituados” pois as crianças não morriam “à espera” e até se faziam “pontes” para se aguardar o “transplante certo”! A criança, quando em SOS gravíssimo, pode receber um órgão provisório (não compatível) e dessa forma aguardar que apareça um órgão compatível! Isso já foi feito em situações limite e isso não se faz agora em Espanha, não porque eles sejam incompetentes, mas porque as coisas em Portugal funcionavam de maneira diferente! Nós, pacientes e médicos, eramos quase ‘uma mesma família’, lutávamos pela vida dos N/ filhos em equipa e o acesso fácil a todos os meios materiais e humanos permitiam esta coisa tão singela que era salvar vidas humanas!!

3 comentários:

  1. foi necessario uma criança morrer para ser noticia, os pais que nesse dia estavam no hospital de la paz ficaram transtornados!!! a verdade e que naquele momento estavm la 5 crianças para serem transplantadas!!! o meu menino ja foi transplantado no passado domingo, a equipa cirurgica foi 5 estrelas isso nao posso queixar, foram impecaveis. mas existe outras coisas que sao inadmitiveis, que so mais tarde poderei dizer!!!! pode ser que hoje seja o inicio de uma nova era nos transplantes pediatricos em coimbra.

    ResponderEliminar
  2. estou em choque, mas já há muito tempo... era previsível que isto acontecesse e mesmo assim não foi evitado
    nem imagino o que aqueles pais devem estar a sentir... era apenas um menino
    e como é suposto eu, e todos os outros pais, de meninos em lista, sentir ou reagir a esta notícia e toda esta informação assustadora?

    ResponderEliminar
  3. Espero sinceramente que o Martim recupere depressa, pois isso é o mais importante!
    Imagino a V/ aflição ao assistirem a tudo!! É realmente desesperante e revoltante.
    Abraços e Milhões de beijinhos para os V/ meninos.
    Vitor Raimundo Martins

    ResponderEliminar