quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Este sorriso dava um filme... Por Mário Augusto

Este sorriso dava um filme... Leiam porque é com todos, mesmo com aqueles que acham que nada têm nada a ver com isto.

A indiferença deveria pagar imposto e deduzir no IRS sempre que mostrámos o quanto nos preocupamos genuinamente com os outros que sofrem algum tipo de dor, estigma ou injustiça nessas atitudes de uma sociedade regulada e padronizada. Vive-se no mundo da hipocrisia, gostamos de padronizar e não somos capazes de olhar para a diferença com uma atitude solidária e verdadeiramente sã de valores ou consciência quantos passam ao lado... Passamos num disfarce por egoísmo. Olhamos de soslaio e gritamos para dentro: “coitadinhos” como quem pede expiação com medo que se pegue. Temos boa desculpa: os tempos são duros e de incerteza! Pois são... mesmo muito duros. Mas reparem: são muito mais duros ainda para quem, ao nascer, foi marcado por uma circunstância de parto, de infeção, de negligência ou sabe-se lá mais o quê que possa ter acontecido e que ditou uma condicionante de vida, para a vida. Pois, pois... mas não é só aos outros que acontece, pode bater à nossa porta. Aí é que se grita: “Aqui d’el rei! Quem acode?”. Aí percebemos que não há quem nos acuda. E sabem porquê? Porque os outros (que também éramos nós) também passam ao lado por egoísmo. Por falta de tempo. Por indiferença. Por hipocrisia. Quando assim é, há a tendência para aquele sofrimento à flor da pele, aquela comichão que passa com água e sabão social. Tratamos brevemente, para a seguir enxugar a mão que afagou a dor. Eu sou pai desta jovem sorridente, uma jovem com paralisia cerebral, a grande Rita. Não imaginam o que vemos na falta de sensibilidade (até de muitos técnicos de saúde) para lidar com a diferença. Eu sei do que falo: nada custa mais do que a insensibilidade e a indiferença. Nada mais dói do que ver uma criança chorar em esforço por tentar fazer um movimento tão simples como mover um pé e este não respeitar a ordem do cérebro e o passo não se dar, não seguir em frente. Lembra-se de ver o seu pequenote a correr pela primeira vez atrás de uma bola? Aquele primeiro trambolhão de passo atabalhoado e de descoberta? O primeiro “gu-gu, dá-dá”?... Pois! Pensem nisso, porque há pais que nunca experimentaram essa sensação, estão em dor constante lá no fundo. Contudo, eles descobrem outras felicidades que os ditos filhos normais não dão pela – dita – normalidade padronizada. Pode explicar-se muito sobre a dor, talvez até encontrar a fórmula química e desenhar os gráficos dessa dor no cérebro, mas só quem experimenta é que sente. Fazer a felicidade a alguém frágil e desprotegido é como trabalhar uma peça de artesanato única, uma filigrana de pequeninos fios que, juntos e enleados, mostram uma beleza que – de per si – eles não guardavam. É isso que é ajudar alguém com paralisia cerebral (cá para mim, nome feio e inadequado ao que realmente é). Conheço mil e um casos de paralisia cerebral, filhos de pobres e de ricos, analfabetos e doutores (até médicos também foram tocados por essa seleção), mas é preciso tão pouco para dar muita felicidade a quem sofre. Há, todos os anos, cerca de 200 novos casos de paralisia cerebral. Estão sinalizados cerca de 20 mil no nosso país, com vários graus de dificuldade e lesões. Mais do que lidar com o problema, a dificuldade está em lidar com a falta de sensibilidade social para ajudar e compreender os que sofrem com este estigma. Há 18 anos que andamos em família a lutar contra moinhos de vento, tentando ajudar a minha filha a sorrir. Que bom…conseguimos que ela não só sorria, mas que ria á gargalhada a olhar para vida... Alguém pergunta, na escola, na clínica, na segurança social, nas juntas médicas, nos organismos (quase todos eles) os que são obrigados a faze-la sorrir e a tratam como um numero de estatística, o quanto custa esse sorriso e gargalhadas de vida? O que queria era conseguir (e tudo está no bom caminho) é que ela aprendesse a lutar contra a hipocrisia e a indiferença de muitos que não sabem o que é sofrer por ser diferente. Às vezes, basta a atitude de um simples gesto. Se o mundo é redondo e gira, a vida dá muitas voltas. Quem sofre, está de alguma maneira mais preparado para essas voltas que o mundo dá. Por vezes não vale disfarçar a hipocrisia, fugir ou ignorar, será esse mundo que é de todos (inteligentes ou diminuídos, atletas ou incapacitados, invisuais ou caixas de óculos) será o mundo a encarregar-se de dar a sua volta, passa de novo por nós. Por vezes surpreender na volta mesmo a quem não está a acenar. Deu-me para este desabafo porque encontrei esta foto da Rita a sorrir e lembrei-me do longo percurso feito e o que há para fazer por todos os que sofrem pela diferença e ignorância dos outros. Pensei na felicidade que mostra, pensei nos outros que não podem sorrir assim. É uma foto antiga onde ela está a aprender a sorrir e agora que esta quase a chegar á idade adulta, fiquei a refletir quanto ela é forte, qual Dom Quixote luta contra os moinhos de vento das regras formalismos e ignorância, talvez burrice hipócrita de muitos com quem se cruza....Ainda bem que sorris Rita, assim sempre desarmas muitos dos que só sorriem em tom amarelecido, ou apenas esboçam o sorriso porque nem sequem sabem viver para passar a traço fino esse desenho de boca que lhes fica estático... Desculpem o desabafo. Podem partilhar porque sempre desinquietam uns quantos que nunca se inquietam com a diferença.

Mário Augusto


sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Luanda ... 42 anos depois

Nos andares superiores ao R/C, no do meio, vivia eu há 42 anos atrás!!

O prédio do outro lado da rua, no meu tempo era quase novo...
Aqui em baixo vê-se em cima e a meio, a janela da Cozinha, que era de correr para a parede do lado esquerdo e agora já não é.
Como se pode ver, a varanda já não existe, pois foi toda tapada com janelas fixas e na parte do painel acrílico, tem uma meia parede de tijolos.
No meu tempo, o sítio onde os carros estacionam agora, era passeio. O N/ passeio para os carrinhos de rolamentos e corridas de caricas!

Nesta foto em baixo, vê-se um bocadinho do tal prédio, que agora tem aquele aspecto degradado. O prédio fazia uma espécie de dente e por isso, esta parte era visível do N/ prédio, mas na foto actual do cimo, esse dente não aparece visivel.
 Os meus amigos...
 A Paula com a minha prima Nini ao colo.
O meu Pai e a colecção de selos.
O Gentil, o Orlando (irmão da Paula), o meu irmão Carlos, Eu, o Navarro (de Cuba - Alentejo), o Delmar e... no final a Paula. Que me desculpem os outros, mas não me lembro do nome! Falta o Betuca, que deve estar escondido, irmão do Gentil e do Delmar.